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CAP0101 - Travessia

Um Mundo Diferente

Tudo o que eu tinha como realidade e que conhecia estava de cabeça para baixo, era o sonho de todos, e eu, pasmo, feito um paspalho, estupefato e sem palavras, as pernas tremiam e minha mente se recusava a formular um único pensamento lógico. Era um monte de idéias desconexas, imagens sem nenhum sentido se misturando, amigos, família, mundo, humanidade, fome, riqueza, pessoas correndo, um lado do mundo ainda dormia. Enfim, nada se ligava, então a luz começou a diminuir, não era uma luz ofuscante, dessas que não conseguimos olhar diretamente. Comecei a procurar a origem da mesma, mas não vinha de lugar nenhum, simplesmente estava ali, nunca havia visto nada igual. Cai sentado.

Sempre me achei preparado para muitas situações, aliás, sempre nos achamos preparados, não é verdade?!
Mas de onde teria surgido isso, comecei a me levantar e tentei caminhar na direção da porta, sem tirar os olhos da luz, tateei em busca da maçaneta, então desviei o olhar da luz e...cade a porta? Só então me dei conta de que estava do outro lado do quarto. Como podia ser? Eu tinha certeza de que a porta estaria do lado que eu caminhei, nova confusão, então percebi que a luz permanecia ali, aparentemente esmaecendo, ou seriam meus olhos se acostumando com aquela "visão"? Quase rastejando, com o coração disparado, fiquei a poucos centrímetros daquela "luz", parecia um véu. Aproximei a mão, muito lentamente e quase que não querendo desafiei, coloquei os dedos dentro, nenhuma sensação diferente, exceto que eu não podia ver a ponta dos dedos, recolhi a mão e assustado olhei para os dedos, ufa, ainda estavam ali, nada mudava e nada aconteceu, olhei a minha volta e tentei me ligar à realidade, nada fazia sentido, afinal eu estava acordado ou dormindo, era um sonho? A cama estava ali, tudo parecia normal, extremamente normal, voltei a atenção para "aquilo" e resolvi aumentar a ousadia. 

Coloquei a mão inteira e a mesma sumiu dentro da luz, como se ouvesse enfiado a mão em um balde de tinta, embora a mão não ficasse manchada, ela simplesmente sumia naquela luz. O mais interessante é que era possível observar o restante do quarto, do outro lado, nada fazia sentido.
Já com alguma racionalidade, pois achei que estava raciocinando, comecei a observar o tamanho e a "forma", buscava racionalizar tudo aquilo. Entendam, passar de forma correta estas impressões é algo difícil, não era uma questão de coragem, assim como nada seria, era o medo de estar ali e sem ter para onde ir que me levava ao desconhecido, e isso é complicado  de passar para vocês, mas eu diria que ocupava metade do quarto, imaginando que meu quarto tem o tamanho de quatro por cinco metros, vocês poderão ter uma idéia do que falo. A "forma", digo forma pois não era uma luz que se espalha e ilumina tudo a sua volta era como se houvesse um limite, imaginem uma piscina e se vocês colocarem tinta lentamente nesta piscina, veram que antes da mistura ocorrer de forma homogênea o corante "flutuará" parecendo-se com uma nuvem e essa era a aparência da luz, uma "luz em forma de nuvem".

Quanto tempo teria se passado desde o momento em que eu percebí a luz. Afastei esse pensamento e decidi que precisava chegar até a porta, resolvi atravessar a luz e sair do quarto, nem imaginei nada diferente, mas resolvi que não possibilitaria nenhuma interferência, daria um salto em direção à porta e sairia o mais depressa possível, me preparei e saltei para a porta...

Nada é tão estranho quanto parece, é pior ainda, quando acordei, era sábado 06:00, acordei muito mais por força do hábito, o sol já iluminava a janela do quarto e o clareava. Levantei e acendi a luz, somente para não dar outra canelada na beirada da cama. Arrumei a cama e quando fui guardar os travesseiros no guarda-roupa, então surgiu um leve brilho a minha frente, me desviei e saltei para trás, o susto me colocou em alerta, era como se alguem tivesse pendurado uma pequena lâmpada no meio do quarto, então a "luz" cresceu, e tomou uma parte do ambiente, em desepero e ainda meio sonolento busquei explicações, nada conhecido podia explicar aquilo. E o silêncio que tomou conta do ambiente me tirou de órbita, o pavor começou a aumentar, senti os olhos começarem a ficar enevoados e fiz uma tremenda força para não entrar em completo desespero, o coração batia descompassado e parecia que ia sair pela boca, e foi nesse estado que comecei este relato.

...Continua...

Entendo que parecerá estranho, meu esforço será para colocar aqui essa experiência e deixarei em aberto a possibilidade de que se alguém, como me foi colocado, passou pelo mesmo, e se sentir confortável, peço que me informe, pois sei e creio não ser o único, não é possível, agora, se você é uma pessoa muito crente, religiosa ou suscetível a assustar-se com informações sobre o que ocorre em nosso mundo, não volte a procurar este blog.

De seu futuro e eterno amigo.